Após polêmica de Maria Gadú em S.José, ministros do TSE e artistas criticam a violência artística

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e artistas criticaram o que chamaram de “violência artística” e de “censura” os ataques que membros da classe artística vêm sofrendo no país.

As declarações ocorreram após veto ao cachê da cantora Maria Gadú, que tocou durante a Flim (Festa Literomusical de São José dos Campos), em 17 de setembro, no Parque Vicentina Aranha.

A apresentação da artista virou alvo de polêmica com repercussão nacional porque ela exibiu uma toalha com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato nestas eleições.

O prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), pediu a suspensão do cachê da cantora.

O episódio fez representantes da classe artística entrarem com uma ação no TSE dizendo que ele é reflexo do que chamam de “perseguição deliberada contra o setor”. Os artistas também acusam o governo do presidente Jair Bolsonaro de suposta perseguição política contra artistas.

Na sessão do TSE da última quinta-feira (22), ministros saíram em defesa das manifestações de artistas no período eleitoral.

A ministra Cármen Lúcia pediu respeito à classe: “A arte é a salvação da humanidade. O artista tem sido tratado pelas constituições democráticas exatamente como um cidadão que tem a possibilidade de contribuir mais para a humanidade com a sua atividade”.

E continuou: “Não é possível que, a poucos dias da eleição, os artistas sejam ameaçados, censurados, e o Supremo já disse que censura não pode existir nos termos expressos da Constituição”.

Cármen Lúcia disse ainda que todos os cidadãos brasileiros devem ser “livres no seu direito de se informar e ser informados”. Falou também que o artista brasileiro “cumpre a sua tarefa no sentido de promover a arte, que no caso brasileiro talvez seja o que o Brasil tem de melhor, a arte e o artista brasileiro são reconhecidos”.

Por fim, a ministra disse que o artista “não pode, por causa de um período eleitoral, ser cerceado na sua liberdade também de se manifestar”.

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou que a intimidação aos artistas a poucos dias do primeiro turno das eleições não será tolerada.

“O desrespeito aos artistas, o desrespeito à classe artística, à opinião dos artistas, na verdade é um desrespeito ao patrimônio cultural e histórico do país. Esse desrespeito no período eleitoral não será, como não vem sendo, tolerado pela Justiça Eleitoral”.

Moraes citou o “desrespeito” a “coação que, às vezes, não é coação física, mas é a coação moral, o medo que se coloca dessas covardes milícias digitais, que eu repito sempre, são corajosos virtualmente e covardes presencialmente”.

Em sua conta no Instagram, o cantor e compositor Caetano Veloso, que já fez show ao lado de Maria Gadú, disse que “as manifestações políticas que ocorrem nos meus shows partem do público”.

E completou: “Eu as confirmo ou comento rapidamente. Pra um artista, o exigível é que ele realize sua arte de forma corajosa e verdadeira”.

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